segunda-feira, 30 de julho de 2012

A QUALIDADE DO LEITE TEM MELHORADO NOS ÚLTIMOS ANOS?


A qualidade do leite tem melhorado nos últimos anos?

Nesse artigo iremos tentar responder a uma pergunta que frequentemente é feita a nossa equipe da Clínica do Leite: "Mas e ai? A qualidade melhorou ou não nos últimos anos?". Aparentemente trata-se de uma pergunta simples que poderia ser respondida sem mais delongas. No entanto, a sua resposta necessita de uma análise intensa e cuidadosa sobre o banco de dados de resultados de análise. Ao longo destes últimos 2 meses, fizemos um estudo, o qual iremos apresentar neste artigo para que possamos responder de forma técnica e científica se a qualidade melhorou ou não ao longo dos últimos anos.

O banco de dados da Clínica do Leite - ESALQ/USP

A Clínica do Leite monitora leite de cerca de 366 indústrias localizadas principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, mas também em Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul e Bahia. O programa de monitoramento iniciou-se em 2002/03 e intensificou-se após 2005 com a IN-51. No início eram menos de 15 indústrias com cerca de 2.000 produtores monitorados. Este número foi aumentando a cada ano e em junho de 2012, atingimos cerca de 40.000 fazendas com pelo menos uma análise mensal.

Variáveis de avaliação da qualidade do leite e seleção de produtores

Para este estudo, utilizamos duas variáveis de avaliação da qualidade do leite, a contagem bacteriana total (CBT) e a contagem de células somáticas (CCS). Foi considerado o período de 2007 a 2012 (até junho 2012), e para cada produtor selecionado, foi calculada a média geométrica anual para CCS e CBT.

Em relação aos produtores selecionados, temos que destacar aqui qual foi o critério utilizado tendo como objetivo responder a pergunta inicial "A qualidade do leite melhorou nos últimos anos ?". Para responder a esta pergunta temos que analisar sempre a mesma população de produtores durante os anos de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.Portanto, selecionamos somente produtores que tiveram análise durante os 5 anos consecutivos. Assim poderemos analisar se de fato houve alteração na qualidade do leite.

Além disso, incluimos nesta avaliação o fator "Programa de valorização por qualidade (PVQ)", ou seja, dividimos os produtores em dois grupos: Grupo A (produtores cujas indústrias compradoras remuneram por qualidade - PVQ) e Grupo B (produtores cujas indústrias compradoras não remuneram por qualidade - SPVQ). Com esta análise poderemos verificar se os produtores com PVQ apresentaram uma melhoria da qualidade mais intensa que os demais.

Resultados observados

Na tabela 1, são apresentados o número de produtores que tiveram resultados de análise durante os 5 anos (2008, 2009, 2010, 2011 e 2012), tanto para CCS quanto para CBT. Como podem observar trata-se de um número significativo de produtores, quase 10 mil, acompanhados durante os 5 anos. Como o ano de 2012 ainda não se encerrou, iremos considerar apenas até o ano de 2011 para fazermos as nossas considerações.

Tabela 1. Número de produres monitorados continuamente durante 5 anos


Para cada ano e grupo, distribuimos os produtores de acordo com determinadas faixas (classes) de CCS e CBT. Do ponto de vista analítico, a distribuição dos produtores por faixas é a melhor maneira de se caraterizar a população estudada.

No Gráfico 1, apresentamos esta distribuição para CBT de produtores não submetidos a programa de valorização da qualidade (SPVQ). Podemos notar que a % de produtores com CBT acima de 600 mil UFC/mL diminui significativamente de 49% em 2008 para 33% em 2011 (redução de 32%). Se considerarmos o limite de 100 mil, tinhamos 15% de produtores "conformes" em 2008 sendo que em 2011 esta proporção subiu para 23% (aumento de 50%). Fica evidente portanto a melhoria na CBT ao longo dos 5 anos, mesmo para produtores que não estavam submetidos a um PVQ.

Gráfico 1. Distribuição de 5.149 produtores sem PVQ, em função da CBT, durante o período de 2008 a 2012.


Já no Gráfico 2, temos a mesma distribuição para produtores que estavam submetidos a um PVQ.

Gráfico 2. Distribuição de 4.825 produtores com PVQ, em função da CBT, durante o período de 2008 a 2012.


Considerando limite de 600 mil UFC/mL, tínhamos uma porcentagem de 17% dos produtores em 2008, contra apenas 8% em 2011 (redução de 52%). Por outro lado, considerando o limite de 100 mil UFC/mL, em 2008 tínhamos 53% dos produtores "conformes", contra 65% em 2011 (aumento de 30%). Assim como os produtores sem PVQ (SPVQ), produtores submetidos a PVQ apresentaram uma melhora significativa na qualidade do leite quanto a CBT.

A velocidade com que ocorreu esta melhoria pode ser questionável, visto que estamos falando de 5 anos e de uma variável (CBT) que tecnicamente é uma das mais fáceis de serem trabalhadas.

Vale ainda ressaltar aqui a diferença que existe entre produtores submetidos ou não a programas de valorização da qualidade. Observem que abaixo de 100 mil UFC/mL (limite que será adotado em 2016), quase 70% dos produtores que recebem por qualidade, já estariam conforme, contra apenas 23% dos que não recebem por qualidade.

E quanto a CCS? Será que também estamos observando uma melhoria significativa? No Gráfico 3 é apresentada a distribuição dos produtores não submetidos a um PVQ (SPVQ).

Gráfico 3. Distribuição de 5.111 produtores sem PVQ, em função da CCS, durante o período de 2008 a 2012.


Diferentemente da CBT, a % de produtores acima do limite de 600 mil cels/mL não se alterou e inclusive sofreu aumento de 21% em 2008 para 26% em 2011. Se considerarmos o limite de 400 mil cels/mL (que passará a valer em 2016), tinhamos 55% dos produtores "conformes" em 2008 e 50% em 2011. Através destes resultados, podemos concluir que a qualidade do leite não melhorou quanto a CCS, em produtores que não recebem por qualidade (PVQ). Mas e os que recebem por qualidade? Será que melhoraram a CCS visto que foram incentivados financeiramente para isso ?

Como podemos observar no Gráfico 4, também não houve qualquer tipo de melhora na qualidade do leite quanto a CCS, mesmo nos produtores que foram "incentivados".

Gráfico 4. Distribuição de 4.806 produtores com PVQ, em função da CCS, durante o período de 2008 a 2012.


Da mesma forma, diferentemente da CBT, para CCS não existe diferença na distribuição dos produtores com ou sem PVQ.

Tal comportamento sugere que existam outros fatores que influenciam na redução da CCS, que não o PVQ. Somado a isso, sabemos que o controle da mastite é um tema complexo e que exige um esforço muito grande por parte do produtor.

Como pudemos observar através dos resultados aqui apresentados, nota-se uma melhoria da qualidade quanto a contagem bacteriana total nos últimos anos, talvez numa velocidade não tão grande como poderíamos imaginar. Além disso, produtores com PVQ possuem um leite com menor CBT. Já para CCS, nota-se que não houve qualquer tipo de melhoria nos últimos anos o que comprova que o controle da mastite é um dos grandes desafios dos produtores e técnicos.

Adaptado do Milk Point

Laerte Dagher Cassoli    Piracicaba - São Paulo

MEDICAMENTOS GENÉRICOS


Ministério regulará produção e uso de medicamentos genéricos de uso veterinário

Sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 20 de julho, a lei que estabelece o medicamento genérico de uso veterinário no Brasil, a qual entrará em vigor dentro de 90 dias. A lei conceitua os novos medicamentos veterinários e define os critérios para registro e comercialização no país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) terá papel fundamental nesse processo: regular a produção e o emprego desses medicamentos, que devem ter a mesma qualidade, eficácia e segurança dos produtos convencionais.

"É uma iniciativa que busca disponibilizar no mercado produtos com um custo menor, atendendo a um anseio dos produtores rurais. Da mesma forma que os produtos convencionais são avaliados hoje, vamos analisar as garantias de segurança e eficácia desses novos medicamentos", garante a diretora substituta do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários, Angélica Ribeiro.
 

Após a adequação da regra vigente - voltada a medicamentos convencionais - para a inserção dos produtos genéricos, o Mapa passará a ser o responsável pelo registro das substâncias e pelo acompanhamento desde a fabricação até o emprego desses insumos. Entre essas etapas, o Ministério da Agricultura também fará análise de fiscalização do medicamento genérico, mediante coleta de amostras do produto na indústria e no comércio, para confirmação da bioequivalência (conformidade dentro das características e uso recomendado).

Caberá ao Mapa, ainda, editar periodicamente a relação dos produtos de uso veterinário no país seguida dos nomes comerciais e das respectivas empresas fabricantes. A lei determina que a pasta promova programas de apoio ao desenvolvimento técnico-científico aplicado à melhoria da qualidade dos produtos de uso veterinário e de incentivo à cooperação técnica para aferição da qualidade e da eficácia de produtos farmacêuticos de uso veterinário.

Para acessar o texto completo da Lei nº 12.689.

A matéria é do MAPA.

COMPOSIÇÃO DO LEITE COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DE DIETAS DE VACAS EM LACTAÇÃO


Composição do leite como ferramenta de avaliação de dietas de vacas em lactação (Parte 1).

O objetivo do nutricionista ao balancear uma dieta para vacas leiteiras é atender as exigências específicas de cada categoria animal, combinando diversos alimentos com composições nutricionais distintas de forma eficiente e economicamente viável. Entretanto, por melhor formulada e homogeneizada que a dieta esteja, vacas têm boa capacidade seletiva e acabam por ingerir uma ração distinta da originalmente formulada. 

Diante da dificuldade em se estimar com precisão o que os animais de fato consumiram, a composição do leite produzido é uma ferramenta bastante interessante, uma vez que é o resultado do metabolismo dos alimentos ingeridos e também o produto de interesse do sistema de produção. Além disso, a coleta do leite é um procedimento simples e fácil de ser realizado e sua análise é suficientemente precisa, com custo acessível ao produtor.

A composição do leite pode ser utilizada como indicador do status nutricional dos animais, assim como sinalizador de distúrbios metabólicos, desde que seja analisada corretamente. Para isso, é preciso ter em mente valores de referência sobre os quais se observa um desvio aceitável ou considerado problemático. Esses valores se baseiam primeiramente na média da raça, relatada em literatura, mas devem ser ajustados de acordo com números médios de cada rebanho, além de serem consideradas variações decorrentes do animal, por exemplo, nível de produção, estágio de lactação ou idade da vaca, e do ambiente, como sistema de alimentação e época do ano.

Além de conhecer os valores de referência, é necessário também entender as respostas de cada componente do leite a alterações da dieta, uma vez que a relação não é simples e direta e sim dependente dos mecanismos de síntese dos sólidos do leite a partir de precursores dietéticos. O objetivo deste texto é relatar de forma simplificada como a composição do leite se alterar de acordo com o que o que o animal está consumindo para que possamos então fazer o caminho inverso e utilizar dados de composição de leite para avaliar o manejo alimentar da propriedade.

Começando com a gordura, este é o componente do leite que mais sofre alterações decorrentes de características da dieta, tanto em seu teor, como em sua composição de ácidos graxos. De forma generalizada, a síntese de gordura no leite responde diretamente a alterações no padrão de fermentação ruminal, uma vez que nesse processo são produzidos tanto os precursores quanto metabólitos reguladores da síntese na glândula mamária.

A fibra foi a primeira entidade nutricional relacionada a alterações na composição do leite. A degradação de carboidratos estruturais pelos microorganismos do rúmen produz ácido acético, principal precursor da síntese de gordura na glândula mamária. Além disso, a fibra é o componente da dieta que mais diretamente afeta a mastigação, ruminação e conseqüentemente a produção de saliva, principal responsável pelo tamponamento ruminal.

Aspectos qualitativos da fração fibrosa também interferem no padrão fermentativo do rúmen e com isso são capazes de alterar o teor de gordura no leite. O tamanho de partículas do alimento volumoso, por exemplo, influencia não apenas na mastigação e ruminação do animal, como na taxa de passagem da digesta pelo rúmen. A digestibilidade do FDN, por sua vez, também determina taxa de passagem e produção de ácido acético. Tudo isso faz com que dietas com o mesmo teor de fibra possam ter efeitos diferentes na composição do leite.

O teor de carboidrato não fibroso, de rápida fermentação ruminal, também pode afetar o teor de gordura no leite devido à redução do pH ruminal, que prejudica os microorganismos degradadores de fibra, reduzindo a produção de ácido acético. O baixo pH do rúmen também prejudica a última etapa da biohidrogenação (quebra de duplas ligações) dos ácidos graxos dietéticos, resultando em maior fluxo de ácidos graxos insaturados para o duodeno, em especial o CLA trans10,cis12, que recentemente vem sendo apontado como inibidor da síntese de gordura na glândula mamária.

O aumento da participação de carboidratos não fibrosos na dieta aumenta a produção de ácido propiônico no rúmen que, por sua vez, estimula a produção de insulina. A insulina é o hormônio sinalizador do balanço energético do organismo e o aumento de sua concentração estimula a deposição de gordura no tecido adiposo, reduzindo a disponibilidade de precursores para síntese de gordura na glândula mamária.

Além dos carboidratos, os lipídios dietéticos também exercem importante papel nas alterações de teor de gordura do leite. A gordura é adicionada à dieta com o objetivo de aumentar a densidade energética sem reduzir o pH ruminal, em situações onde não é mais aconselhável maior participação de amido.

Os lipídios podem afetar a síntese de gordura no leite de forma indireta pois reduzem a digestão da fibra, uma vez que os ácidos graxos, principalmente os polinsaturados, são tóxicos a alguns microorganismos. Além disso, os glóbulos de gordura envolvem as partículas fibrosas, dificultando o contato destas com as bactérias celulolíticas.

Em condições de baixo pH ruminal, em que a biohidrogenação incompleta é potencializada, a presença de ácidos graxos polinsaturados, provenientes de lipídios dietéticos, aumentam as possibilidades de formação do CLA trans10,cis12. As respostas em redução de teor na gordura do leite de acordo com o aumento da participação de lipídios na dieta são bastante consistentes e por isso se recomenda nível máximo de 6% de gordura na dieta. Uma ferramenta que pode ser utilizada para aumentar essa porcentagem sem prejuízos na composição do leite é o uso de gorduras protegidas da degradação ruminal.

O uso de aditivos na dieta também altera o padrão de fermentação ruminal e conseqüentemente a síntese de gordura no leite. Os tamponantes são utilizados para reduzir a queda do pH ruminal e com isso, também evitam decréscimo no teor de gordura do leite. Por outro lado, os ionóforos são antibióticos seletivos a alguns microorganismos, potencializando a ação dos produtores de ácido propiônico e reduzindo o pH ruminal. Portanto, a presença de ionóforos na dieta, de modo geral, reduz a gordura do leite.

Além dos componentes da dieta, propriamente ditos, distúrbios metabólicos de ordem nutricional, como acidose e cetose, podem também provocar alterações típicas no teor de gordura do leite. O quadro de acidose é caracterizado por pH ruminal abaixo de 5,5 e é resultado provável de ingestão excessiva de carboidratos de rápida fermentação, decorrente de desbalanceamento da dieta ou seleção do alimento por parte do animal. A acidose ocasiona todos os processos já discutidos neste texto relacionados ao abaixamento de pH e, portanto, resulta em queda na gordura do leite.

Já a cetose é conseqüência de quadro acentuado de balanço energético negativo, no qual a mobilização de reservas corporais é intensa e supera a capacidade de utilização dos corpos cetônicos pelo fígado na produção de energia, ocorrendo acúmulo desses componentes no sangue. Os corpos cetônicos e ácidos graxos (AG) livres decorrentes da mobilização de tecido adiposo são utilizados como precursores de gordura na glândula mamária, alterando a composição da gordura do leite em relação a normalmente encontrada no leite. De modo geral, a distribuição normal entre AG de cadeia curta e média (4 a 18 C), que são principalmente sintetizados na glândula mamária, e AG de cadeia longa (mais de 18 C), principalmente provenientes da dieta e reservas corporais, é de 50:50.

Como os ácidos graxos mobilizados do tecido adiposo são predominantemente de cadeia longa, a participação destes na gordura do leite de uma vaca com cetose aumenta em relação a de uma vaca normal, enquanto a porcentagem de ácidos graxos de cadeia curta é reduzida. O teor total de gordura, de modo geral, não sofre alterações, entretanto pequena elevação pode ser observada se a mobilização for muito expressiva.

Ao contrário da gordura, a proteína é um componente do leite de manipulação limitada, que também apresenta variações menores. A proteína do leite é composta principalmente por caseína (77 a 82%), além de proteínas do soro e nitrogênio não protéico. A proteína do leite é sintetizada a partir da proteína metabolizável, composta por um pool de aminoácidos absorvidos no duodeno, provenientes da proteína microbiana, proteína não degradável no rúmen e proteína endógena. A proteína microbiana corresponde à maior parte da proteína metabolizável, variando de 55 a 65% em vacas em lactação. Portanto, é esperado que qualquer manipulação dietética que potencialize a produção de proteína microbiana beneficie a síntese de proteína no leite.

Além da quantidade de proteína metabolizável, a qualidade dessa proteína também é essencial para síntese protéica na glândula mamária. A qualidade de uma proteína é definida de acordo com seu perfil de aminoácidos, considerado melhor quanto mais próximo for do perfil de aminoácidos da proteína de interesse, no caso a do leite. Diante de uma fonte de proteína de baixa qualidade, mesmo em quantidade suficiente, a síntese protéica é prejudicada e o excedente é excretado pelo organismo, em processo dependente de energia.

O fator relacionado à nutrição que mais interfere na produção de proteína microbiana é a ingestão de energia, uma vez que os microorganismos ruminais precisam de energia para utilizar a proteína degradável no rúmen para síntese de proteína microbiana. A energia da dieta provém principalmente dos carboidratos não fibrosos, que são rapidamente fermentados no rúmen. Entretanto, o aumento de carboidratos não fibrosos na dieta implica em redução de carboidratos fibrosos, o que, como visto anteriormente, pode prejudicar a síntese de gordura na glândula mamária. Percebe-se, portanto, que é necessário buscar um ponto de equilíbrio entre esses dois fatores para que se atinja o balanceamento ótimo da dieta.

A proteína da dieta tem pouco impacto sobre o teor de proteína bruta do leite, com exceção para casos de deficiência severa, que com certeza limitam a síntese de proteína, mas também reduzem a produção de leite. A recomendação atual de proteína na dieta envolve duas perspectivas, de proteína degradável no rúmen e de não degradável. A proteína degradável no rúmen (PDR) visa atender as exigências dos microorganismos para produção de proteína microbiana e estes são capazes de utilizar qualquer fonte de nitrogênio, inclusive não protéico, e por isso a qualidade da PDR é menos importante. Por outro lado, a proteína não degradável no rúmen (PNDR) vai ser absorvida no duodeno e utilizada diretamente pela glândula mamária para síntese protéica e por isso seu perfil de aminoácidos é fundamental para definir a eficiência de utilização da PNDR.

Adaptado da Milk Point.

Marina de Arruda Camargo Danés    Madison - Wisconsin - Estados Unidos

Composição do leite como ferramenta de avaliação de dietas de vacas em lactação (Parte 2/2)

A primeira parte deste artigo abordou como fatores nutricionais afetam gordura e proteína no leite com o objetivo de possibilitar a utilização de dados de composição do leite como ferramenta de avaliação do manejo nutricional do rabanho. A segunda parte do texto vai tratar de nitrogênio uréico no leite e da relação entre componentes.

O leite, assim como a urina, é um veículo de excreção do excesso de nitrogênio no organismo do animal. Esse nitrogênio excedente pode ser originado por excesso de proteína degradável no rúmen (PDR) na dieta, falta de energia no rúmen para utilização de toda a PDR disponível, excesso de proteína metabolizável ou perfil de aminoácidos não adequado da proteína não degradável no rúmen (PNDR).

A degradação da PDR no rúmen gera nitrogênio amoniacal, que é utilizado pelos microorganismos para sua multiplicação, em um processo dependente de energia. Quando há excesso de PDR, ou falta de energia para utilização dessa proteína, o excesso de nitrogênio amoniacal é absorvido pela parede ruminal e transportado ao fígado para ser convertido em uréia, uma vez que amônia é tóxica ao organismo. Essa uréia é então liberada na corrente sanguínea, sendo o principal contribuinte para a uréia plasmática.

Da mesma forma, os aminoácidos e peptídeos da proteína metabolizável não utilizada pelo animal, seja por excesso ou por perfil de aminoácidos inadequado, são deaminados no fígado e o nitrogênio é convertido em uréia, que também é liberada na corrente sanguínea. Por fim, a uréia circulante pode ser reciclada para o rúmen e para a saliva, ou eliminada via urina e leite. Como a uréia é uma pequena molécula neutra que se difunde facilmente pelas membranas, conforme o sangue circula pela glândula mamária, a uréia se difunde para dentro ou para fora das células secretoras de leite, estabelecendo um equilíbrio entre sangue e leite.
 

O teor de nitrogênio uréico no leite (NUL) pode ser, então, utilizado como indicativo do excesso de proteína na dieta ou de má qualidade dessa proteína. Entretanto, as variações nos teores de NUL são grandes tanto ao longo do dia, como entre animais e em diferentes níveis de produção, tornando difícil o estabelecimento de valores de referência para o parâmetro. Dados de literatura apontam como padrões de referência de NUL valores entre 10 e 14 mg/dL, dependendo do nível de produção de leite do rebanho, mas como vimos no artigo Reduzindo o teor de proteína bruta em dietas para vacas leiteiras,
 valores menores não necessariamente indicam deficiência de proteína na dieta, mas sim podem refletir melhor eficiência de utilização do nitrogênio dietético devido ao ajuste fino e cauteloso da dieta (balanceamento por amino ácido, por exemplo).

Uma forma de tornar mais precisa a interpretação de valores de NUL é a combinação desses dados com o teor de proteína bruta do leite avaliado. A tabela 3 apresenta, de forma simplificada, como a análise combinada dessas duas informações pode inferir sobre características da dieta.

Tabela 1. Avaliação combinada de NUL (mg/dL) e teor de PB (%) do leite para análise das características da dieta.


De acordo com a tabela 1, teores de NUL e PB estão baixos são indicativos de falta de PB e PDR na dieta. Já quando o NUL é elevado e a PB é baixa, a PDR está excessiva, ou mal utilizada por falta de energia e, com isso, ocorre deficiência de proteína metabolizável. Essa situação pode decorrer também de proteína metabolizável de má qualidade. Apesar de bastante prática, essa tabela deve ser utilizada com cuidado, especialmente quanto aos valores absolutos usados como referência, que são variáveis de acordo com cada situação.

Além dos teores de cada componente do leite, informações interessantes podem ser extraídas da relação entre alguns componentes como, por exemplo, a combinação entre NUL e PB, recém abordada nesse texto.

A relação entre teores de gordura e proteína do leite é talvez o parâmetro mais comumente utilizado para avaliação nutricional de um rebanho e também para detecção de distúrbios metabólicos. Quando essa relação está inferior a 1, estima-se que a proteína está adequada e a gordura está baixa, o que indica excesso de carboidratos não fibrosos na dieta (elevada relação concentrado:volumoso), inclusive com prováveis quadros de acidose. Já relação gordura/proteína maior que 1,5 pode ser decorrente de baixo teor de proteína, devido à deficiência de proteína ou energia na dieta, ou do elevado teor de gordura, conseqüência de quadros de cetose no rebanho.

O interesse das indústrias pelo teor de caseína, principal proteína do leite, vem crescendo bastante recentemente, uma vez que interfere diretamente no rendimento industrial do processamento do leite. Com isso, os laboratórios estão, cada vez mais, incluindo o teor de caseína nas análises rotineiras de composição do leite. A relação caseína/proteína bruta do leite pode ser indicativa da nutrição protéica e da sanidade dos animais. A caseína deve ser responsável por 77 a 82% da proteína bruta encontrada no leite. Valores abaixo disso indicam que uma fração acima do normal está sendo destinada a nitrogênio não protéico, principalmente uréia, ou a proteínas do soro. Quadros como esse podem ser decorrentes de inadequação protéica na dieta e serão acompanhados de elevado teor de NUL, ou de alta incidência de mastite, que danifica as células do tecido secretor, aumentando a difusão de proteínas do plasma para o leite e conseqüentemente a contagem de células somáticas (CCS).

É importante ressaltar que a análise dos dados de composição do leite não deve ser feita de forma isolada, considerando uma amostra de leite de uma vaca. O ideal é agrupar os resultados da análise de leite de todas as vacas do rebanho e criar gráficos que mostrem relações de interesse, por exemplo o teor de gordura X dias em lactação, ou teor de proteína X NUL. Em cada tipo de gráfico, podemos traçar linhas que representam variações esperadas (dentro do normal) e avaliar qual a porcentagem de vacas que estão fora da variação normal. As figuras 1 e 2, abaixo, montadas com dados hipotéticos, exemplificam esse tipo de análise.

Figura 1. Distribuição entre relação gordura:proteína de acordo com dias em lactação


A figura 1 apresenta um gráfico montado com relação gordura:proteína da análise do leite de um rebanho de aproximadamente 300-350 vacas em lactação. As linhas verdes representam a variação considerada normal para esse rebanho (entre 1 e 1,5). Podemos perceber claramente que há uma grade proporção de animais acima da linha do 1,5. O que gostaríamos de ver em um gráfico desse tipo é no máximo 20% das vacas fora da área entre as duas linhas verdes, e bem distribuídas acima e abaixo da linha. Neste caso mais de 20% estão fora das linhas e a grande maioria acima das linhas, indicando um problema de baixo teor de proteína do leite, resultado de falta de proteína bruta ou mais possivelmente deficiência energética na dieta.

Figura 2. Relação entre teor de proteína bruta do leite (%PB) e nitrogênio uréico no leite (NUL)

Na figura 2 as vacas foram agrupadas por dias em lactação e cada ponto no gráfico representa um grupo de vacas em determinado número de dias em lactação (0-100, 100-200, etc), mas o mesmo gráfico poderia ser feito com a análise de leite individuais. O retângulo verde indica a área considerada normal, onde esperaríamos encontrar as vacas. Neste caso, se combinarmos essas informações com as da tabela 1, podemos concluir que esse rebanho está consumindo dieta com excesso de proteína e/ou deficiência de energia disponível no rúmen (carboidratos fermentáveis).
 

Esses são exemplos de utilização e análise de dados de composição do leite para avaliação nutricional. Entretanto, essa avaliação não deve depender apenas dessa ferramenta. Outros indicativos podem e devem ser observados pelos nutricionistas para avaliar a situação do manejo alimentar de forma mais ampla e assim conseguir identificar potenciais problemas.

O escore de condição corporal (ECC) das vacas é uma medida subjetiva, que deve ser tomada sempre pela mesma pessoa, mas muito útil para avaliar o balanço energético dos animais no médio e longo prazo. O ECC pode ser monitorados em momentos específicos da vida produtiva das vacas, como secagem, parto, inseminações, pico de lactação. Esse assunto já foi abordado com mais detalhes em um artigo prévio neste radar de Nutrição.


A avaliação do comportamento ingestivo é importante para identificar situações extremas, nas quais animais agem de forma diferente do padrão do rebanho, o que pode indicar problemas de saúde ou distúrbios metabólicos de ordem nutricional, ou ainda problemas de desconforto generalizado, quando o rebanho inteiro encontra-se fora de padrões normais. A atividade de ruminação é um bom indicativo de conforto dos animais e também de consumo adequado de fibras. A recomendação prática é de que pelo menos 50% dos animais em ócio estejam ruminando. Para avaliar o consumo diário de alimento, a observação do enchimento ruminal (flanco ou "vazio" do animal) é bastante simples e precisa.

O escore de fezes também pode ser um indicativo de consumo de alimentos e adequação nutricional, especialmente protéica. Há uma consistência e coloração consideradas ideais para as fezes das vacas, de acordo com cada sistema de alimentação e essas devem ser tomadas como referência para detecção de indivíduos com problemas. Esse assunto também já foi discutido em um artigo do radar de Sistemas de Produção.


Problemas de casco também podem ser sinalizadores de distúrbios nutricionais, principalmente a acidose que, em situações agudas desencadeiam laminites e as vacas demonstram muita sensibilidade nos cascos.

O importante é entender que a formulação da dieta é apenas um dos processos do manejo alimentar da propriedade, que envolve desde a compra dos ingredientes, até a distribuição do alimento no cocho, incluindo agrupamento dos animais, mistura da ração, manejo do pasto, etc. Dessa forma, é essencial que tenhamos ferramentas para monitorar a eficácia desse manejo de modo a identificar problemas e corrigi-los o mais rápido possível.
Marina de Arruda Camargo Danés    Madison - Wisconsin - Estados Unidos

segunda-feira, 2 de julho de 2012

EMPRESA FAZ LEITE PARA DORMIR


Boa noite, Cinderela: empresa faz leite para         dormir


Um leite de vaca especial, mais rico em uma substância chamada melatonina por ser coletado logo nas primeiras horas da manhã, promete ser a coqueluche dos pobres seres humanos que sofrem de insônia ou de estresse. O Sleeping Milk, ou Night Milk, chegará ao mercado em março do ano que vem, primeiramente na Nova Zelândia, na Austrália e na China. A novidade foi criada pela empresa Synlait, especialista em produzir leite em pó com valor nutricional elevado, localizada em Rakaia, na região de Cantebury, na Ilha do Sul da Nova Zelândia.

Segundo Tony McKenna, diretor geral de desenvolvimento de negócios da empresa, o leite para dormir, em pó, será vendido em sachês e indicado para quem tem sono agitado, sofre de insônia ou estresse. "A melatonina é uma substância natural que todos os animais têm, inclusive os seres humanos, mas nestes, a quantidade de melatonina diminui ao longo dos anos, com o avanço da idade", explica. "Então, após inúmeras pesquisas, nossos especialistas concluíram que as vacas Holandesasproduzem esta substância em maior quantidade durante a noite, em seu leite", diz.

Os fornecedores de leite da Synlait - uma espécie de associação de criadores de gado Holandês chamada Synlait Farms - coletam este leite especial todos os dias, às quatro horas da manhã (primeira ordenha do dia) e enviam o produto à fábrica. Lá, os especialistas isolam a melatonina para processa-la e transforma-la em pó. Em seguida, a substância é adicionada, em doses eterminadas, a outros tipos de leite em pó, normal ou desnatado. "A melatonina é o principal ingrediente do leite para dormir neozelandês", afirma o executivo.

Simon Causer, gerente de pesquisas da empresa explica diz que a melatonina, por ser natural, é menos prejudicial à saúde dos seres humanos. "A melatonina tem um papel importantíssimo para ajudar os humanos a regular os ciclos dia/noite e a ordenha de leite produzido pelas vacas durante a noite permitiu que criássemos um auxiliar de sono 100% natural".

Por ser vizinho da Austrália e parcerios comerciais da China (a Synlait tem sócios chineses e na Ásia, a empresa leva o nome de Bright), o leite para dormir deve chegar primeiro nestes países, mas McKenna acredita que seu potencial é grande e pode ser útil a todas as sociedades modernas. "As pessoas hoje em dia tem muitos problemas para dormir, estão estressadas. Precisam voltar a seguir o conselho de suas avós e tomar um leitinho quente para dormir bem", diz ele. "Não é por acaso que existe este ditado, de que o leite dá sono. Ele dá mesmo". Além da Ásia, McKenna acredita que o produto terá sucesso na Europa, devido à idade elevada da população, e na América do Sul, devido ao ritmo frenético de trabalho.

Causer diz que a empresa vem realizando testes para comprovar a eficácia do leite para dormir há alguns anos. Durante um período, adultos tomaram um copo do leite 30 minutos antes de irem para a cama e aí, a qualidade de seu sono passou a ser monitorada e comparada aos que tomaram o leite convencional. Segundo Causer, os resultados foram um sucesso. Uma empresa alemã e uma japonesa também estão estudando inserir o "leite do sono" no mercado.

As informações são do Globo Rural Online.

USO DE VACINAS COMO FERRAMENTAS PARA CONTROLE DE MASTITE BOVINA


Uso de vacinas como ferramentas para controle de mastite bovina - Parte 1

Marcos Veiga dos Santos1 e Tiago Tomazi2

Vacinação como ferramenta de controle e prevenção

As atuais medidas de controle de mastite em rebanhos leiteiros têm sido recomendadas com base em três princípios básicos: eliminação de infecções existentes, redução das novas infecções e monitoramento da mastite. Grande ênfase e esforços de pesquisa têm sido empregados em medidas de tratamento, preventivas e de higiene do ambiente e durante a ordenha. Contudo, outro importante enfoque do controle de mastite é a melhoria da resistência da vaca e o aumento da capacidade de resposta imune frente aos agentes patogênicos. Desta forma, os mecanismos de controle poderiam atuar de forma conjunta e mais eficiente tanto na prevenção de novas infecções, quanto na eliminação de infecções existentes.

Quando uma bactéria consegue invadir o canal do teto e adentrar na glândula mamária, as células do sistema imune iniciam uma resposta na tentativa de eliminar o patógeno invasor. Estas células incluem os neutrófilos, os macrófagos e os linfócitos, que aumentam rapidamente de concentração na glândula mamária em resposta a presença de uma bactéria. O aumento das células somáticas observadas durante o início da mastite tem função de fagocitar e eliminar as bactérias. No entanto, esta atividade fagocitária é inibida pela fagocitose dos componentes do leite, entre os quais a caseína e gordura, o que diminui a eficiência destas células. Os anticorpos ou imunoglobulinas constituem outro importante mecanismo de resistência, uma vez que são específicos contra um tipo de agente causador de mastite. A principal função dos anticorpos no leite é marcar as bactérias, facilitando, assim, o reconhecimento para a fagocitose e eliminação pelas células do sistema imune. Além disso, a nutrição da vaca leiteira tem o papel importante da nutrição sobre a saúde da glândula mamária, principalmente de micronutrientes, entre eles o selênio, Vitamina E e cobre, os quais possuem efeito de aumentar a capacidade de resposta imune do animal contra infecções. Pesquisas recentes indicam que deficiências de vitamina E e selênio resultam em aumento da incidência de mastite. Desta forma, um adequado fornecimento deste nutrientes é fundamental para aumentarmos a capacidade de resposta imune da vaca.

A vacinação é uma da das formas de aumentar a capacidade de resposta imune da vaca contra um agente patogênico. Os programas de vacinação pode ser usados para aumentar a resistência da vaca contra um agente específico, pois após a imunização, ocorre migração mais rápida de neutrófilos para o local da infecção e a estimulação da produção de anticorpos específicos pelos linfócitos, cujo objetivo é inibir o crescimento bacteriano e a produção de toxinas. Em relação à mastite, as vacinas foram desenvolvidas contra um agente específico, com objetivo de prevenção e não do tratamento da mastite. A vacinação contra mastite busca atingir a pelo menos um dos seguintes objetivos:
• Prevenir a ocorrência de novas infecções intramamárias;
• Reduzir a gravidade e frequência de sintomas clínicos;
• Auxiliar na eliminação de infecções crônicas.

Os resultados obtidos nos estudos iniciais com vacinas contra mastite apresentaram resultados variáveis em razão da grande diversidade de microrganismos causadores, conhecimento incompleto sobre os fatores de virulência e imunidade, dificuldade de manutenção de níveis elevados de anticorpos no leite e esquemas de vacinação deficientes. Atualmente, dentre os patógenos causadores de mastite de maior importância, dois se destacam em relação ao potencial de aumento da capacidade de resposta imune da glândula mamária por meio da vacinação: coliformes e Staphylococcus aureus.

Mastite causada por coliformes

Os coliformes são um grupo de bactérias gram-negativas, cujos principais agentes são: Escherichia coli, Klebsiella sp e Enterobacter sp. A principal fonte destes agentes é o ambiente da vaca, em locais como esterco, urina, barro e camas orgânicas. A transmissão dos casos de mastite ambiental ocorre principalmente entre as ordenhas, mas também pode ocorrer durante a ordenha e no período seco. As mastites causadas por coliformes têm como característica a manifestação clínica aguda e alguns casos com comprometimento sistêmico do animal, os quais podem apresentar endurecimento do quarto afetado, desidratação, inapetência e falta de apetite, febre, toxemia e até morte (cerca de 5% dos casos). Os sintomas de mastite aguda ocorrem em resposta à liberação de toxinas pelos coliformes. A produção de leite é severamente reduzida e pode apresentar aspecto aquoso e com presença de grumos. Este sintomas resultam em grandes prejuízos aos rebanhos afetados, no entanto, a ocorrência de casos clínicos com estas características não é garantia de que o agente seja coliforme. Tipicamente, estes casos de mastite ocorrem no período de 2 semanas após a secagem ou nos 3 primeiros meses de lactação. Mesmo que a grande maioria das infecções causadas por E. coli seja de curta duração (menos de 10 dias), algumas cepas específicas podem causar infecções crônicas.

As mastites ambientais vem se tornando uma preocupação ainda maior em rebanhos com rigoroso controle de mastite contagiosa, o que leva a diminuição da CCS do rebanho e consequentemente, aumento dos riscos de novas infecções intramamárias causadas por coliformes. As estratégias atuais de controle de mastite ambiental baseiam-se na redução da contaminação na extremidade dos tetos, por meio de um bom manejo do ambiente, uma vez que o maior risco de novas infecções geralmente ocorre tanto no período entre as ordenhas quanto durante a ordenha. Entre as principais medidas, pode-se citar o uso de pré, redução da quantidade de água utilizada durante a ordenha para limpeza da vaca e dos equipamentos, e adequada manutenção do equipamento de ordenha. No momento da secagem, o uso de tratamento de vaca seca em associação com selante interno de tetos auxilia na prevenção de novos casos de mastite causados por coliformes, durante o período seco.

O correto dimensionamento das instalações e o uso de camas inorgânicas, com o objetivo de proporcionar para o animal um ambiente limpo e seco são de fundamental importância em sistemas de confinamento. Considerando que estes patógenos ambientais estão disseminados por todo o ambiente da vaca, é praticamente impossível erradicar este tipo de mastite. Além disso, em razão da grande disseminação dessas bactérias ambientais, todas as categorias animais estão sob risco: vacas em lactação, vacas secas e novilhas.

Vacinas contra mastites causadas por coliformes
Uma importante estratégia de controle da mastite causada por coliformes é o aumento da resistência da vaca contra estes agentes por meio da vacinação. Diversas vacinas foram, testadas contra mastites causadas por coliformes, no entanto, devido a grande heterogeneidade dos antígenos deste grupo de bactérias, os primeiros resultados foram insatisfatórios. No entanto, no final da década de 1980, com a identificação e isolamento de uma cepa rugosa mutante de Escherichia coli, denominada J5, foi possível o desenvolvimento de vacina com comprovada eficácia contra coliformes. Esta cepa mutante é capaz de sintetizar um antígeno interno (lipopolissacárideo), que estimula a resposta imune do vaca contra os grupo dos coliformes causadores de mastite.
Os primeiros estudos que avaliaram a vacina E. coli J5 foram desenvolvidos na Califórnia. O uso de 3 doses de vacina E. coli J5, administrada na secagem, 30 dias depois e nos 10 dias após o parto reduziu a incidência de mastite clínica nos 100 primeiros dias de lactação de 12,8%, em animais não vacinados, para 2,6% em animais vacinados. Além da redução de 70-80% da ocorrência de casos clínicos, o uso desta vacina diminui a gravidade dos sintomas clínicos e reduz os riscos de morte e de descarte das vacas com mastite causada por coliformes. As perdas de produção de leite de vacas vacinadas com vacina J5 são 75% menor que as perdas das vacas que não são vacinadas. O uso da vacina J5 durante a lactação reduzir a produção de leite durante alguns dias após a aplicação, em aproximadamente 5-7%.

O uso da vacina J5 deve ser uma recomendação para todos os rebanhos?
Considerando as diferenças de prevalência dos agentes causadores de mastite entre os rebanhos, o uso de vacinação somente teria indicação quando houver risco ou alta ocorrência de mastite causada por coliformes. Além disso, considerando que a vacina tem potencial de evitar morte de animais, pode-se concluir que nestas situações o uso da vacina justifica-se como medida de prevenção, principalmente em rebanho mais especializados e com vacas de alta produção. Um estudo indicou que a relação custo benefício do uso de programas de vacinação contra coliformes (J5) é economicamente justificável quando a incidência de mastite clínica causada por coliformes ultrapassa 1% no rebanho ou quando há elevada ocorrência de casos agudos de mastite, nos quais há risco de morte da vaca.

Por que o controle de mastite causada por Staphylococcus aureus é difícil?
S. aureus é considerado o principal agente causador das mastites contagiosas em vacas leiteiras, uma vez que apresenta alta prevalência em rebanhos de todo o mundo. Em muitos rebanhos, cerca de 30 a 50% dos casos de mastite têm como causa S. aureus. Este micro-organismo é uma bactéria Gram-positiva e, geralmente, é encontrado colonizando a pele e o canal do teto, e o interior da glândula mamária. A transmissão ocorre principalmente durante a ordenha, por meio das teteiras e pelo equipamento de ordenha, pelas mãos dos ordenhadores e panos/esponjas de uso múltiplo. Uma vez no interior da glândula mamária, este agente é capaz de fixar-se às células epiteliais e iniciar uma infecção, a qual tende a se tornar crônica e manter elevada CCS. A infecção intramamária pode então causar necrose do tecido mamário com consequente perda de função secretora, o que leva à redução significativa da produção de leite.
Tipicamente, as infecções causadas por S. aureus apresentam-se na forma subclínica, no entanto, podem ocorrer casos clínicos eventuais. Dentre as características que tornam este micro-organismo um dos principais agentes causadores de mastite, destaca-se a alta capacidade de invasão, que permite a infecção de regiões mais profundas da glândula mamária. Adicionalmente, ocorre formação de tecido fibroso no foco da infecção, formando "bolsões" de bactérias que dificultam a chegada dos antibióticos ao local da infecção. Estas características explicam porque o S. aureus causa infecções de longa duração, com tendência a cronificar-se e baixa taxa de cura, tanto espontânea quanto com a utilização de antibióticos. Os tratamentos com antibióticos durante a lactação apresentam resultados insatisfatórios, pois este micro-organismo é resistente à maioria dos antibióticos disponíveis. Parte das falhas de controle do S. aureus ocorre em razão das diferenças de virulência entre as cepas deste microrganismo. Isto resulta em diferenças na capacidade de resposta da vaca e nos resultados de tratamento contra este agente. Além disso, existe grande variação em quanto à sensibilidade das cepas de S. aureus aos antibióticos, destacando-se a resistência à penicilina. Em vacas infectadas com cepas resistentes, os resultados de tratamento são insatisfatórios, ainda que as cepas possam ser sensíveis quando testadas in vitro.

O controle de mastite causada por S. aureus tem como base a prevenção da transmissão deste micro-organismo das vacas infectadas para as sadias. A prevenção pode ser feita pela segregação das vacas infectadas, por adequada higiene de ordenha (pós-dipping), tratamento de vaca seca e descarte de vacas com mastite crônica, as quais não respondem ao tratamento com antibióticos. O uso de linha de ordenha auxilia na redução da transmissão de S. aureus, sendo recomendado primeiramente a ordenha das vacas sadias antes das vacas já identificadas com S. aureus. Dentro de um programa de redução de mastite causada por S. aureus, o uso de vacinação deve ser vista com uma ferramenta auxiliar e não como substituto das demais medidas de controle e prevenção.

Fonte: SANTOS, Marcos Veiga dos; TOMAZI, Tiago. Vacinas e vacinações: uso de vacinas como ferramenta para controle da mastite bovina. LEITE INTEGRAL, Belo Horizonte, MG, n.38, p. 20-27, abr. 2012.
1Professor Associado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP),2Mestrando em Nutrição e Produção Animal, FMVZ, USP


Vacinas e Vacinações na Pecuária Leiteira - como aumentar a eficiência - Parte 2
  
Programas de Vacinação

Os rebanhos bovinos brasileiros, inseridos na cadeia produtiva do leite, estão distribuídos em diferentes regiões, que caracterizam-se por clima, geografia e condições sócio, econômicas e culturais extremamente heterogêneos. Mesmo ao analisarmos apenas uma região geográfica, vamos observar que as formas de manejo e nutrição, as instalações e o perfil sanitário divergem enormemente entre os rebanhos. Com isso, o grau de estresse, os padrões de resistência a doenças, o potencial de exposição aos patógenos, os riscos e desafios sanitários (rebanhos abertos x rebanhos semi-abertos x rebanhos fechados) são variáveis e únicos para cada rebanho. Essas características, completamente distintas entre os rebanhos, fazem com que não seja possível o estabelecimento de um Programa de Vacinação único, que se ajuste a todos os diferentes tipos de rebanhos leiteiros. Ou seja, não há como elaborar um Programa de Vacinação que seja capaz de se adaptar, e que possa ser utilizado universalmente, frente às distintas condições características de cada rebanho.

Com isso, Programas de Vacinação não podem ser vistos como receitas de bolo. Um determinado programa pode ser excelente quando aplicado em um rebanho, e um completo desastre quando extrapolado para outro em condições distintas. Infelizmente, os microrganismos patogênicos não se distribuem de maneira uniforme entre todos os rebanhos. Em outras palavras, a epidemiologia de cada doença infecciosa apresenta características distintas entre os sistemas de produção. Para que se alcance o sucesso desejado, antes de elaborar um Programa de Vacinação para um determinado rebanho, o profissional da área de saúde animal deve conhecer: i) a epidemiologia das infecções no rebanho para o qual o programa está sendo elaborado; ii) a genética dos animais; iii) o tipo de manejo; iv) a nutrição; v) o tipo de instalações; vi) os métodos utilizados na reprodução; vii) as formas de reposição de animais (rebanho aberto x rebanho fechado); viii) a categoria animal para a qual o programa está sendo proposto; dentre outras características que podem ser específicas para cada rebanho em particular. Somente com a análise do conjunto dessas informações é que poderemos definir:
 

Por que vacinar? Com que vacinar? Quando vacinar? Como vacinar?

Pelos comentários anteriores, fica claro que o sucesso de um Programa de Vacinação em rebanhos leiteiros está condicionado a vários fatores intrínsecos de cada propriedade, que devem ser avaliados individualmente. Também não podemos considerar um Programa de Vacinação estático. Com a evolução do rebanho e das práticas de manejo, o Programa de Vacinação deve ser dinâmico o suficiente para se adaptar às novas condições de criação. Ou seja, ele pode e deve ser modificado de acordo com as alterações que ocorram dentro do rebanho ao longo do tempo.
 

Mesmo considerando todos os aspectos já discutidos, temos que ter em mente que nenhuma vacina, nem as de uso humano, tem capacidade de proporcionar imunidade em 100% dos animais do rebanho. Em uma vacinação bem conduzida, espera-se que a grande maioria dos animais responda adequadamente por meio da elaboração de uma resposta imune suficiente para a proteção frente a um desafio de campo. Entretanto, como o potencial de resposta imunológica não é homogêneo para todos os animais, alguns poderão responder com títulos superiores à média, enquanto que outros poderão não responder ou responder em títulos abaixo do esperado. Essa heterogeneidade na resposta imunológica é característica quando avaliamos a resposta vacinal de animais constituintes de diferentes rebanhos. Só para diferenciarmos, em medicina humana, que avaliamos o indivíduo, ou mesmo em medicina veterinária de animais de companhia (cão, gato) ou esporte, como os equinos, a análise da eficiência de uma vacinação é individual, ou seja, avalia-se a resposta imune do indivíduo. Porém, em medicina de produção temos que considerar o grau de proteção coletivo do rebanho como um todo, e não especificamente de um indivíduo.

Mesmo conhecendo todos esses aspectos relacionados à imunidade coletiva, o nosso objetivo ao estabelecer um Programa de Vacinação é obtermos uma resposta imune o mais homogênea possível. Ou seja, que a expressiva maioria dos animais responda adequadamente, e que a proporção de animais com baixo título de resposta imune seja a menor possível. Nesse intuito, vários tópicos de extrema importância já foram abordados. Com isso, tanto produtores quanto, principalmente, os Médicos Veterinários, podem e devem atuar com o objetivo de potencializar a resposta imune dos rebanhos, providenciando manejo, nutrição e ambiente adequados.

Entretanto, alguns aspectos relativos ao animal, à vacina e à vacinação podem fazer com que a heterogeneidade de resposta imune dos animais aumente ainda mais do que o esperado. Conhecer esses aspectos é importante no sentido de tornarmos a resposta imune mais homogênea, para aumentarmos a eficiência da vacina e, consequentemente, reduzirmos as falhas vacinais.

Alguns aspectos relacionados às falhas vacinais
 

Fatores associados ao animal

1) Idade

Animais muito jovens são considerados imaturos imunologicamente, ou seja, o potencial de resposta imune ainda é muito baixo. Esses animais podem ainda ser considerados imunodeficientes, não apresentando potencial de resposta às vacinas. Animais muito velhos apresentam várias deficiências em sua capacidade imunológica e também não respondem adequadamente às vacinas.

Animais jovens, com até um, dois, ou mesmo até mais meses de vida (a idade depende do antígeno), que receberam colostro em quantidade e qualidade adequadas, possuem anticorpos passivos adquiridos de suas mães. Altos títulos de anticorpos passivos são fundamentais para a proteção contra as principais infecções que ocorrem no período neonatal. Porém, esses anticorpos passivos, por neutralizarem os antígenos vacinais, impedem que os animais possam desenvolver a sua própria resposta imune ativa, sendo responsáveis, quando vacinados, por falhas de vacinação.

2) Variação biológica

Alguns animais, devido às características hereditárias, respondem menos do que a população normal, tanto nos casos da apresentação do antígeno ocorrer por infecção natural, quanto por meio de vacinação. Mesmo sendo vacinados, esses animais não serão imunizados.

3) Nível nutricional

Toda a resposta imune, seja humoral ou celular, depende fundamentalmente de síntese proteica e de divisão celular, em níveis exponenciais. Para isso, os animais gastam energia e nutrientes em abundância. Consequentemente, animais com algum tipo de deficiência nutricional respondem muito pobremente às vacinas. Essa constatação científica dá voz ao jargão popular que diz "vacinar animais com fome é o mesmo que rasgar dinheiro". Primeiro, temos que providenciar nutrição adequada para que, depois, o animal possa apresentar uma resposta imune também adequada.

Ainda com relação ao aspecto nutricional, particularmente na pecuária leiteira, temos que atentar para uma situação muito especial. Em geral, os bovinos leiteiros recebem suplementação alimentar constituída por feno ou silagem. Não vamos discutir a qualidade nutricional desses alimentos. Porém, como são alimentos estocados, temos que lembrar que os mesmos podem ser contaminados por fungos micotoxigênicos. A grande maioria das micotoxinas predominantes em silagens e fenos é potencialmente imunodepressora. Cada micotoxina tem o seu mecanismo de ação e seu efeito deletério próprio ou característico na saúde animal. Porém, secundariamente, todas comprometem em maior ou menor intensidade o sistema imune do animal. O potencial de resposta imunológica dos animais será diretamente comprometido na dependência da concentração da toxina no alimento e do tempo que o animal está recebendo esse alimento contaminado. Com isso, a resposta às vacinas pode estar diminuída ou mesmo suprimida em casos mais graves. Avaliar os níveis de micotoxinas na ração é uma forma de prevenir falhas vacinais, assim como o uso de silagem e feno livres de micotoxinas é um meio de potencializar as respostas vacinais.

4) Interferência de infecções concomitantes

Algumas infecções, quando já presentes no animal por ocasião da vacinação, podem comprometer a resposta imune. Esse tema também deverá ser melhor explorado nos artigos subsequentes dessa série "Vacinas e Vacinações na Pecuária Leiteira".

5) Stress

Todo o tipo de condição estressante, que comprometa o bem-estar animal, pode induzir a produção de hormônios e desequilíbrios químicos que suprimem o sistema imune e, consequentemente, o seu potencial de resposta às vacinas. Um dos exemplos mais clássicos são os altos níveis de cortisol que podem ser identificados em animais mal manejados, criados em instalações inadequadas, em condições de calor e/ou frio excessivos, e em animais com dor ou desconforto (problemas de casco). Em resumo, condições estressantes de qualquer natureza e falhas vacinais caminham juntas.
 

Fatores associados ao antígeno

1) Diversidade de sorotipos

O sistema imune, tanto com relação à resposta imune humoral, quanto celular, é extremamente específico. Alguns microrganismos apresentam mutações (alteração no acido nucleico: DNA ou RNA) que podem ser responsáveis por alterações na constituição dos determinantes antigênicos presentes em sua superfície. Essas alterações podem se expressar na diversidade de distintos sorotipos encontrados em alguns microrganismos. Em algumas situações, o sorotipo de determinado microrganismo presente no rebanho não necessariamente é o mesmo sorotipo do mesmo microrganismo presente na vacina. Essas mutações e diversidades antigênicas, expressas nos diferentes sorotipos de microrganismos patogênicos, são grandes responsáveis por falhas vacinais.

2) Potência e Pureza

Toda vacina, inativada (morta) ou atenuada (viva), deve ter uma massa antigênica suficientemente adequada para estimular o sistema imune. A pureza de uma vacina é importante para a preservação dos determinantes antigênicos íntegros, evitando a sua destruição, principalmente por reações enzimáticas. A pureza também evita efeitos colaterais adversos, como reações alérgicas (locais / sistêmicas), e a formação de abscessos no local da aplicação. A pureza da vacina também refere-se à ausência de contaminação com outro microrganismo qualquer, que podem ser responsável pela introdução de uma nova doença no rebanho. Com relação às vacinas controladas por órgãos oficiais, tanto a potência, quanto a pureza dos imunógenos são controladas e, somente partidas aprovadas, são liberadas. Entretanto, com relação às vacinas não controladas oficialmente, devem ser consideradas, no momento da aquisição do produto, referências quanto à idoneidade, responsabilidade, profissionalismo, dentre outros atributos do laboratório produtor das mesmas.
 

3) Prazo de validade

Vacinas com prazo de validade vencido podem não conter todas as propriedades antigênicas do produto original. Nessa situação, pode estar alterada a massa antigênica, que é a quantidade mínima de antígeno para induzir resposta imune. Paralelamente, por meio de reações químicas proteolíticas, alguns antígenos podem ser destruídos, alterando importantes características antigênicas do microrganismo presente na vacina. Ambas as situações são responsáveis por falhas vacinais. Na prática, essa é uma economia que sai caro.
 

4) Limitações da vacina

Todas as vacinas têm limitações. Essas limitações variam de acordo com o microrganismo constituinte ou com a forma e/ou procedimentos utilizados para a fabricação das mesmas. Alguns antígenos são imunogenicamente fracos e, com isso, as vacinas, ocasionalmente, não induzem imunidade suficiente para a proteção adequada contra a infecção e/ou doença. A aplicação de doses repetidas (boosters vacinal) pode ser, em algumas situações, uma forma de tentar contornar essa limitação. Quando possível, os laboratórios produtores procuram reduzir esse problema por meio do uso de adjuvantes imunológicos. Adjuvantes são produtos químicos que têm o potencial de, inespecificamente, aumentarem a resposta imune, e quando mesclados a um determinado antígeno, aumentam a sua imunogenicidade, ou seja, o seu potencial de induzir resposta imune.

Fatores associados ao manuseio da vacina

1) Manipulação

Toda vacina deve ser estocada e manipulada de acordo com os procedimentos estipulados pelo fabricante. Exposição à luz solar, produtos químicos, variações de temperatura, e temperaturas adversas, podem reduzir ou mesmo eliminar completamente a eficiência da vacina. Vacinas que necessitam ser diluídas, ou mesmo misturadas (fração aquosa/fração sólida), devem ser utilizadas imediatamente após a diluição/mistura. Sobras de vacinas não devem ser guardadas, mesmo que em temperatura adequada, para uso posterior. Sempre que possível, somente utilizar seringas e agulhas descartáveis. Quando utilizar pistolas, atentar para a correta lavagem e esterilização, bem como certificar-se da ausência de resíduos de desinfetantes, que podem destruir os antígenos vacinais. Para as vacinas inativadas associadas a adjuvantes imunológicos, a completa emulsão antígeno x adjuvante é fundamental para o sucesso da vacina. Variações bruscas de temperatura quebram essa emulsão e também são responsáveis por falhas vacinais.
 

2) Via de administração

Atentar para a recomendação do fabricante. Os laboratórios produtores de vacinas fazem testes exaustivos para definir qual a via de aplicação que proporciona a melhor resposta imune. Vacinas de uso intramuscular não devem ser utilizadas pela via subcutânea e vice-versa. Observar também o comprimento e diâmetro adequados da agulha para as diferentes vias de aplicação (intramuscular x subcutânea) e o rótulo ou a bula do produto que indica o local mais indicado para a mesma.

Considerações finais

Esse artigo foi delineado com o objetivo de apresentar aos leitores alguns aspectos que podem ser responsáveis pelo sucesso ou por falhas em Programas de Vacinação. Evitou-se abordar vacinas, infecções e/ou doenças específicas e de maior frequência de ocorrência na pecuária bovina leiteira brasileira. Na realidade, foi objetivo principal mostrar a complexidade do tema que é envolto por uma gama de variáveis. Para isso, foram abordados, mesmo que superficialmente, alguns conceitos básicos de imunologia, de formas de apresentação de doenças infecciosas e de vacinologia, sempre tendo como norte o aumento da eficiência das vacinas utilizadas na pecuária bovina leiteira. Nos artigos subsequentes, o leitor terá a oportunidade de entrar em contato com temas mais práticos e, com isso, talvez mais conhecidos em seu dia-a-dia de trabalho. Como sugestão final, se fosse para reduzir esse artigo em uma só frase que pudesse representar tudo aquilo que foi abordado e, principalmente, que representasse a síntese de nosso objetivo principal para reflexão posterior, sem dúvida, eu selecionaria a seguinte:
 "VACINAR NÃO É SINÔNIMO DE IMUNIZAR".

Esse artigo foi publicado na Revista Leite Integral !!!

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS REPRODUTIVAS PÓS-PARTO


Prevenção e tratamento de doenças reprodutivas pós-parto - Parte 1


Este texto é parte da palestra apresentada por Stephen LeBlanc (University of Guelph, Canada), no XVI Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia de 15 e 16 de março de 2012.

Introdução 

Praticamente todas as vacas leiteiras sofrem contaminação bacteriana do útero durante duas a três semanas após o parto e grande parte delas apresenta pelo menos uma patologia do trato reprodutivo, que pode ir desde a doença aguda sistêmica até a inflamação crônica sutil, porém relevante. O alto risco de doença se deve, em parte, à depressão da imunidade no período compreendido entre as duas semanas anteriores e as três semanas posteriores ao parto.

A gravidade da resistência à insulina concomitante, a redução do consumo alimentar, o balanço energético negativo e a perda de peso contribuem para o grau e a duração da depressão imunológica. A imunidade inata conferida pelos neutrófilos é a principal forma de resposta imune do útero. A migração neutrofílica e as atividades fagocitária e oxidativa têm relação com a retenção de placenta [1], a metrite e a endometrite [2]. Embora as doenças metabólicas (cetose e esteatose hepática) e uterinas sejam muito comuns, os fatores que determinam o risco de doença em diferentes rebanhos, ou em um mesmo rebanho, em que as vacas são supostamente submetidas ao mesmo manejo e estratégias nutricionais, não foram esclarecidos. Este artigo apresenta uma breve revisão dos dados e conceitos recentes, relacionados ao desenvolvimento e à atenuação da infecção e da inflamação do trato reprodutivo em vacas leiteiras durante os dois primeiros meses do pós-parto.

Origens da doença do trato reprodutivo 

Sabe-se que a grande maioria das vacas sofre contaminação bacteriana do útero entre duas e três semanas após o parto [3], inclusive por bactérias associadas à doença uterina. Entretanto, as incidências de metrite, endometrite clínica ou secreção vaginal purulenta (SVP) e endometrite citológica subclínica são de 10 a 20%, aproximadamente 15% e 15%, respectivamente. Em um grande estudo de campo realizado recentemente, 37% de quase 1600 vacas de três propriedades apresentaram pelo menos um episódio de metrite, SVP ou endometrite citológica.

Embora esses riscos de incidência sejam indesejavelmente altos, eles representam menos da metade das vacas com contaminação bacteriana do útero logo após o parto. Qual é então o fator que determina se uma vaca infectada vai desenvolver doença sistêmica ou mais sutil, ou progredir para uma involução normal, sem apresentar condições patológicas que possam prejudicar a fertilidade?

O papel do sistema imune na eliminação da contaminação uterina foi muito estudado. A maioria das vacas leiteiras apresenta depressão considerável da resposta imune por várias semanas na época do parto, atingindo um patamar mínimo aproximadamente uma semana após a parição [3, 5]. Entretanto, dados recentes sugerem que a "capacidade fagocitária geral" (o produto da atividade, função e número de neutrófilos) não é tão afetada como se pensava [6].

As causas exatas da depressão imunológica em vacas no período de transição não são conhecidas, embora a queda do consumo de energia, vitaminas e minerais e o balanço energético negativo, com mobilização de proteínas e gordura corporal no período periparto, sejam possíveis fatores contribuintes, além das alterações drásticas dos níveis de progesterona e estrógeno no final da gestação e do grande aumento transitório dos níveis de cortisol no momento do parto [7, 8].

Os reflexos da lactação sobre os níveis hormonais e energéticos parecem ter efeito imunossupressor adicional [9]. Vacas com balanço energético negativo mais intenso têm prejuízo maior, pelo menos de algumas funções imunes [2]. Vacas com retenção placenta, metrite ou endometrite apresentam depressão mais precoce e profunda da imunidade inata, que precede a doença em várias semanas [2, 10-12].

Conceitos emergentes sobre infecção e inflamação do trato reprodutivo 

Sabe-se que a SVP está associada a reduções consideráveis do desempenho reprodutivo subsequente [4, 41-43]. Acreditava-se que a secreção encontrada na porção cranial da vagina ou, com menor frequência, na vulva ou na cauda, resultasse da endometrite. A associação entre a natureza do conteúdo vaginal e a densidade de supostos patógenos bacterianos no útero foi demonstrada [3]. Entretanto, recentemente mostrou-se [44] uma concordância apenas razoável entre SVP e endometrite definida por citologia uterina. Isso leva à especulação da origem do pus na vagina, já que não se trata sempre do útero. De acordo com dados recentes, a cervicite, embora possa acompanhar a endometrite, é uma condição à parte, associada tanto à queda isolada como somada do desempenho reprodutivo [45-47].

A metrite e a endometrite têm relação com a infecção uterina por E. coli na primeira semana após o parto e a SVP tem relação com a infecção por A. pyogenes que persiste além de duas a três semanas após o parto [30, 31, 35, 48]. Entretanto, existem dados conflitantes [22, Osawa e LeBlanc, dados não publicados) a respeito da associação entre infecção bacteriana e endometrite citológica.

O tratamento antibiótico preventivo no momento do parto foi capaz de reduzir a prevalência de SVP, mas não de endometrite citológica cinco semanas após o parto [4]. No mesmo estudo, a prevalência de SVP foi três vezes maior (15 contra 5%) em vacas com retenção de placenta, distocia ou parto gemelar, mas a prevalência de endometrite citológica foi a mesma (13%) em ambos os grupos. A relação entre a presença de bactérias no útero e a inflamação endometrial foi descrita [22, 49], mas não foi bem esclarecida; há indícios de que a inflamação endometrial possa persistir após a obtenção de cultura bacteriana negativa [15].

Aparentemente, a inflamação endometrial é parte inevitável e necessária da involução, mas a sub-regulação da resposta imune algumas semanas após o parto é importante; a inflamação exacerbada, mesmo na primeira semana pós-parto, parece estar associada à inflamação deletéria e persistente um mês mais tarde [23]. Não se sabe se a inflamação excessiva ou persistente é provocada pelo tipo (espécie, cepa ou fatores de virulência) ou quantidade de bactérias, por influências genéticas ou metabólicas sobre a função imune e a sua regulação, ou por ambos.

Embora os fatores de risco e a fisiopatologia da SVP e da endometrite citológica tenham alguns pontos em comum, o trauma do tecido uterino e cervical e as infecções bacterianas parecem ter maior influência sobre a SVP, enquanto a regulação da resposta imune parece ter papel mais importante na endometrite citológica. Tais hipóteses requerem maiores investigações do ponto de vista fisiológico e em condições de campo.

A endometrite diagnosticada por citologia uterina é comum e prejudica consideravelmente o desempenho reprodutivo. É consenso que a presença de mais de 5 a 8% de neutrófilos em um esfregaço endometrial, quatro a cinco semanas após o parto, é indicativa de um nível indesejável de inflamação. Entretanto, é possível que nem todas as inflamações uterinas verificadas três a cinco semanas após o parto (coincidentes com o término da involução uterina macroscópica [50]) sejam indesejáveis. É interessante notar que, em um estudo baseado na observação de 201 vacas do mesmo rebanho, submetidas à citologia com escova ginecológica (cytobrush) quatro horas após a primeira IA (mediana = 78 d pós-parto), a chance de prenhez naquela IA foi significantemente menor (39%) nas vacas que não apresentaram neutrófilos do que nas vacas com 1 a 15% de neutrófilos (58%); as vacas com mais de 15% de neutrófilos não diferiram estatisticamente das vacas que não apresentaram polimorfonucleares [51]. Esses dados sugerem que, assim como em éguas, a inseminação provoca uma reação inflamatória mais fisiológica do que patológica em vacas [52].



Prevenção e tratamento de doenças reprodutivas pós-parto - Parte 2

Tratamento da doença do trato reprodutivo
 

Revisões sobre o tratamento das doenças do trato reprodutivo já foram publicadas [50]. Há evidências sólidas de melhora do desempenho reprodutivo em vacas com secreção vaginal purulenta (SVP) tratadas com uma única infusão intrauterina (IU) de cefapirina aproximadamente um mês antes da primeira inseminação, em relação a vacas não tratadas [41, 43, 53].
 

A infusão intrauterina de ceftiofur aproximadamente seis semanas após o parto, realizada entre duas injeções de prostaglandina a intervalos de duas semanas, reduziu a prevalência de infecções uterinas bacterianas por E. coli de 10 para 2% e a de infecções por A. pyogenes de 6 para 1% em vacas com SVP, mas não melhorou a probabilidade de prenhez mediante IA em tempo determinado com protocolo de pré-sincronização (protocolo "Presynch") [54]. Inesperadamente, no mesmo estudo apenas 14% das vacas com SVP apresentaram bactérias na cultura uterina realizada no momento do diagnóstico. Esses dados reforçam a hipótese de uma associação fraca ou da ausência de associação entre endometrite citológica e infecção uterina bacteriana [47].
 

De acordo com diversos estudos mais antigos, o emprego de uma ou duas injeções de prostaglandina F2alfa (PGF) pode melhorar o desempenho reprodutivo ou proporcionar resultados clínicos semelhantes aos obtidos com o uso antibióticos intrauterinos. Entretanto, em estudos com vacas portadoras de fatores de risco, ou com endometrite, a PGF não foi capaz de melhorar o desempenho reprodutivo, embora muitos desses estudos careçam de definições válidas de casos, potência estatística, ou ambos [49].
 

Recentemente, realizou-se um ensaio clínico com mais de 2000 vacas, incluindo 600 vacas com SVP, endometrite citológica ou ambas, aleatoriamente designadas para receber PGF nas semanas cinco e sete do pós-parto, ou para não receber PGF [4]. De forma geral e nas vacas com doença do trato reprodutivo, não houve diferença no intervalo até a prenhez entre as vacas tratadas e não tratadas, resultados semelhantes aos de Galvão et al [55] para endometrite citológica.
 

De forma geral, a cefapirina IU parece ser benéfica nos casos de SVP (que podem estar associados à cervicite ou endometrite), mas a PGF, que é rotineiramente usada, não. Embora exista um estudo relatando benefícios da PGF e da cefapirina IU para o desempenho reprodutivo, em relação à ausência de tratamento, faltam pesquisas de testes diagnósticos rápidos, que possam ser feitos "ao pé da vaca", assim como de tratamentos para a endometrite citológica. O desenvolvimento de tais tratamentos requer uma melhor compreensão dos fatores que desencadeiam e mantêm a inflamação endometrial, embora a investigação de abordagens anti-inflamatórias também seja digna de atenção.
 

Prevenção da doença do trato uterino
 

Atualmente, existem poucas práticas de manejo e intervenções voltadas especificamente para a prevenção da metrite e da endometrite. Com base no conhecimento atual dessas doenças, o objetivo geral é dar suporte e manter a imunidade inata, reduzindo assim o risco de que a inflamação e a contaminação bacteriana, que são inevitáveis após o parto, progridam para metrite, endometrite ou cervicite.
 

O balanço energético negativo exacerbado, as concentrações circulantes excessivas de ácidos graxos livres e a resistência excessiva à insulina contribuem para um estado de inflamação metabólica ("meta-inflamação") que pode prejudicar a função dos neutrófilos [20].

A fim de investigar a hipótese de que a redução da carga de possíveis patógenos bacterianos no útero imediatamente após o parto poderia reduzir o risco de doença uterina, recentemente foi feito um grande ensaio clínico em que mais de 1000 vacas com risco de doença uterina (com retenção de placenta, distocia ou parto gemelar) foram designadas aleatoriamente para receber tratamento com antibiótico de longa duração (uma injeção de ceftiofur na forma de ácido livre cristalino), supostamente eficiente contra E. coli, A. pyogenes e outras bactérias anaeróbias relevantes, ou para não receber tratamento [4]. Observou-se reduções condicionais e modestas da incidência de metrite e redução geral significante da prevalência de SVP (de 28% para 20%) cinco semanas após o parto.
 

Novos estudos são necessários para melhor identificação de critérios de seleção para tratamento metafilático de vacas contra doença uterina e de tratamentos que resultem em maior redução da incidência de metrite ou endometrite.
 

Embora não recomenda-se o tratamento preventivo à base de antibióticos, resultados reforçam a ideia de que o grau ou a natureza da contaminação bacteriana que ocorre logo após o parto seja um dos fatores envolvidos na ocorrência de metrite e SVP um mês mais tarde. Por outro lado, a função imune inata parece ser ainda mais importante na determinação da saúde do trato reprodutivo [15].
 

Conclusão
 

A infecção e a inflamação do útero e da cérvix afetam aproximadamente uma em cada três vacas leiteiras, com impactos consideráveis sobre a probabilidade e o momento da prenhez.
 

Apesar da existência de ferramentas diagnósticas e critérios bem validados para determinação da SVP e da endometrite citológica e de tratamentos eficientes para a SVP, há muito a aprender sobre os fatores que desencadeiam e mantêm a inflamação deletéria do trato reprodutivo. Tal informação se faz necessária para o desenvolvimento de tratamentos contra as diversas formas de doença e, principalmente, para o desenvolvimento de estratégias de prevenção envolvendo a genética, a farmacologia, a nutrição e o manejo.
 

A vacinação contra patógenos uterinos específicos e as intervenções voltadas para a modulação da resposta imune inata parecem particularmente dignas de investigação. No momento, acredita-se que as Boas Práticas de Manejo recomendadas para vacas no período de transição sejam úteis na redução do risco de doença reprodutiva.
 


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Ricarda Maria dos Santos    Uberlândia - Minas Gerais

José Luiz Moraes Vasconcelos    Botucatu - São Paulo


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